Mulheres no Futebol - Entrevista com Pollyana Morbach

Pollyana, uma empresária no mundo do futebol.

11 ABR 2018 17:30

Aos 39 anos, Pollyana está na estrada desde os 13 quando trabalhava como modelo em São Paulo e viajava constantemente de Novo Hamburgo, 44km distante de Porto Alegre, até o centro do país. A oportunidade de trabalho no SBT, no programa Fantasia, fez que com ela se mudasse para a capital paulista aos 16 anos. Mas foi o emprego na Fox que abriu o mercado do esporte para ela. Fez grandes contratos, trabalhou com grandes profissionais, conheceu clubes e estádios, atletas como Zidane, Figo, Beckham, Neymar... “Se como jornalista eu tinha que informar, do outro lado, como empresária, tenho que realizar, fazer acontecer”, avalia.

Como agente e intermediária CBF/Fifa, Poliana também é consultora de clubes e organiza eventos no meio esportivo, como a partida de inauguração da Arena do Grêmio, entre o tricolor gaúcho e o Hamburgo da Alemanha. Explica que “fui a primeira mulher agente, e isso ouvi na CBF, havia advogadas que cuidavam de alguns contratos, mas não da carreira do atleta”. Conta que trabalhou com jogadores de São Paulo, Corinthians, Inter, ‘do mundo inteiro’. Cita Lucas Moura, Ricardo Goulart e o próprio Neymar. “Hoje trabalho mais com apostas, todo contrato é difícil, independe do valor”, diz, falando da experiência em ativar a receita dos campeões mundiais, do trabalho com o pessoal do vôlei, da representação de membros de comissões técnicas e colegas da imprensa.

De tanto trabalhar, viajar o mundo todo, Pollyana ficou muito doente, converteu-se e atualmente é pastora.  Antes disso, conta que sofreu assédio inúmeras vezes, mas que nunca esmoreceu porque acreditou que, mesmo o futebol sendo um Clube do Bolinha, sempre soube que o espaço não era só dos homens. Se no tempo em que trabalhava como jornalista ela ia ao estádio acompanhada de cinegrafista, como empresária teve que enfrentar muitas situações sozinhas e quebrou muitos tabus.

Das ‘saias justas’ vividas no meio, ela recorda duas em particular: o dirigente de um clube do interior de São Paulo não quis recebê-la por ser mulher, “meu atleta tinha sido aprovado e era hora de assinar o contrato... tive que levar um advogado junto para fechar o negócio, mas ao final esclareci que quem estava ali, acertando aquele contrato, era eu” e; outra situação ocorreu quando fez um trabalho no mundo árabe pela primeira vez, “cheguei lá estendendo a mão para os homens que me aguardavam e isso foi uma gafe”, recorda.

Olhando para trás, Pollyana diz que já ganhou bastante dinheiro na carreira, mas hoje tem menos do que já teve noutros tempos.  Acrescenta que agora preza mais a qualidade de vida e, claro, o sucesso dos atletas, “o que não mudou é a vontade de realizar meu trabalho com excelência, seja no exercício profissional, e como mulher”.

Izabel Rachelle – 03/04/2018